O estado de espírito que favorece as boas manifestações…

O estado de espírito que favorece as boas manifestações não se alcança num arrebatamento súbito, é uma construção longa, diária e frágil, extremamente frágil… Um deslize, e volta-se ao ponto inicial. Após longo esforço, torna-se corriqueiro no cotidiano transformado o que antes parecia impossível. Tropeçando, atirando-se de volta à mesquinha realidade anterior, o que se experimenta é uma aflição que pesa sobre as costas e esmaga o rosto contra o chão…

Liberdade das próprias ideias

Há vinte e seis séculos atrás, já notava Lao-tsé que a liberdade das próprias ideias é a marca do “homem moderado”, como diz minha tradução inglesa. Poderíamos alterar este adjetivo para prudente, sábio, superior. Se há um traço que distingue naturezas baixas, imaturas e que não evoluem, é o apego àquilo que pensam e acreditam. Deste apego, — destas correntes, — que não pode ser interpretado senão como manifestação da vaidade e de uma estúpida presunção, correm os dias e o tempo não faz aprimorar o ser engessado, o ser hostil a tudo quanto lhe é novo e diferente. Moderação, se fôssemos defini-la na acepção utilizada neste trecho do Tao Te Ching, diríamos ser a capacidade de ceder e aceitar o diferente — virtude inimaginável para o presumido que se reputa o centro do universo.

Um problema é problema desde que a mente assim o classifique

De Lao-tsé, em tradução inglesa:

Stop thinking, and end your problems.

Que verdade! Um problema é problema desde que a mente assim o classifique — condições e fatos são frios; qualificação é obra mental. Tido o problema, as consequências: ansiedade, preocupação, conflito, perturbação psicológica. Anular a mente, bridar pensamentos… se há paz possível ao homem, eis o caminho. Contudo…

Os detalhes pavorosos de um ritual de magia negra

Conhecendo os detalhes pavorosos de um ritual de magia negra, nota-se sem espaço para dúvida que o operador materializa-lhe, de antemão, a vontade maligna e repugnante. Disso a dizer que a magia funciona é pouco. Toda a dificuldade da preparação, o esforço envolvido, a necessidade de reafirmação contínua do voto, a focalização e estimulação mental em prol do objetivo malévolo… tudo isso antes da consumação do ritual terrível, do ato voluntário e sem retorno possível. A consciência daquele que opera semelhante monstruosidade morre para sempre; psicologicamente, é um caminho sem volta, um caminho que só pode avançar para mais e mais trevas, senão para a loucura ou suicídio. Chega a ser inacreditável constatar quão fundo a natureza humana é capaz de descer, quão ilimitada é-lhe a potencialidade do mal… o impulso é de cuspir-lhe na face e praguejar infinitamente contra essa espécie maldita.