Hoje, outra de Nietzsche:
Um homem dotado de gênio é insuportável se além disso não tem pelo menos duas outras qualidades: a gratidão e a polidez.
Hoje, outra de Nietzsche:
Um homem dotado de gênio é insuportável se além disso não tem pelo menos duas outras qualidades: a gratidão e a polidez.
A democracia quer a si mesma como a grande protetora do indivíduo. Possui “freios e contrapesos” para coibir o abuso e a exploração. Engraçado! Pois se lhe analisamos o filho legítimo, isto é, o político democrático, notamos o seguinte: num regime democrático, não há freios contra a estupidez! Vamos ver. A que se dedica o político democrático? estuda? prepara-se para o cargo que pretende exercer? qualifica-se, de alguma maneira, para executar alguma função? comprova, de alguma maneira, a própria capacidade antes de subir ao posto? Negativo. O político democrático dedica-se, apenas, a conquistar votos. Para eleger-se, basta que compre apoio ou invista em marketing. Qualquer outro esforço é improfícuo e pouco inteligente. Imaginemos, agora, uma medida antidemocrática: o sujeito, para ser candidato, precisa ser aprovado numa prova de capacitação. Urros! berros! Tornar analfabetos inelegíveis seria uma agressão à soberania do povo! E assim, a história parece escancarar que o indivíduo está sempre, sempre em posição de vítima — na democracia, sobretudo, vê-se açoitado pela burrice popular.
Ciência e democracia: os vocábulos mágicos do ocidente pós-moderno. Quando convertidos em adjetivos ou advérbios, conferem a qualquer termo um caráter incorruptível, magnífico, sagrado. E a política, nojenta política, não faz senão explorá-los. O processo não guarda segredo: é apoiar-se, em nome da “ciência” ou da “democracia”, à realização da própria vontade. E então espoliar liberdades. Quem será o louco a se declarar anticiência? E a ciência pode dizer — deve dizer! — ser questão de saúde pública algo como a gestação artificial, ou a extinção de carne vermelha dos cardápios, ou qualquer outra medida que, impreterivelmente, deve ser adotada por todos, sob pena de multa ou cadeia — aqui, é claro, a atuação do deus Estado. Muito bem! Pois se é sobre o nome da “ciência” e da “democracia” que este século se apoiará para avançar sobre a liberdade individual, folgo em declarar-me, a mim mesmo, o primeiro animal anticiência e antidemocracia do ocidente.
Sou apresentado a um filósofo “genial” cuja obra integra perfeitamente a filosofia e a ciência. “Um positivista?” Negativo. E, segundo o gênio, correntes como o existencialismo tratam-se de pseudofilosofia. É-me o sorriso automático. Estou, em verdade, em ótimos dias: graças a Pessoa, dediquei várias centenas de páginas à astrologia. Creio, porém, que o filósofo genial me não tomará o tempo da leitura de um sumário. A mim é gritante: a filosofia só se harmoniza com a ciência quando deixa de tratar dos grandes problemas do homem — justamente aqueles que extrapolam o escopo da ciência. Integrar filosofia e ciência é, de forma prática, mutilar a filosofia e ignorar a aplicabilidade real da ciência. Mas admito: não há surpresa. Conquanto “filosofia científica” seja uma piada grosseira, daquelas que não se conta numa mesa de jantar, é natural que a presunção humana queira colar, em todos os substantivos disponíveis, o qualitativo supremo: assim se garante a vitória sobre o passado — velhíssimo passado…