Um sujeito comum não se mata por um problema matemático

Um sujeito comum não se mata por um problema matemático, nem por sua incompreensão da termodinâmica. Talvez o faça um físico, desde que tal problema, para ele, tome cunho existencial. Mas o sujeito comum, assim como o físico, mata-se após uma grande perda financeira, afetiva, ou após uma decepção amorosa. Percebe-se, aqui, um traço comum entre ambos, ou um problema que a ambos atinge. Sucede que esse problema, exposto pelas mais variadas maneiras, é o problema central da existência humana. E não posso deixar de notar, entre todas as mentes mais brilhantes da história, a minha predileção por aquelas que foram capazes de enxergá-lo.

Atração e repulsa

Sinto, em mesma intensidade, atração e repulsa pela academia. Certamente, não é lugar para a minha espécie. Mas impressiona o número de mentes brilhantes que se acabam perdendo em troco de “integração”. Convenções, protocolos, hierarquias… tudo isso a minar, tolher criatividades, num ambiente onde o prêmio possível parece limitar-se ao reconhecimento. Fundamentar a obra de uma vida na esperança de aplausos? um cargo melhor, talvez? Parece frágil… No fim de tudo, esse caminho conduz a uma tremenda frustração.

Não há sociedade que resista e prospere desprovida de uma forte base cultural

Não há sociedade que resista e prospere desprovida de uma forte base cultural. Um país jovem é naturalmente instável. E um país que rompe com as próprias origens, ou as apedreja, tentando apagar-lhe o passado, caminha em direção ao colapso. A destruição cultural implica, necessariamente, a degradação moral em massa. Nada há de mais devastador a uma sociedade do que uma tentativa de “reescrever a história”.