Foram pouquíssimos a enxergar que consistiria o cristianismo na principal barreira a impedir que o ocidente fosse totalmente dominado pelas ideias coletivistas que floresceram no último século. Nestes dias, perdura uma guerra que já estaria perdida, não fosse a honrosa resistência cristã. O lance histórico já é patente, e demasiado interessante para ser ignorado: após décadas de insultos e perda de prestígio, só o cristianismo parece ter firmado laços fortes o suficiente para suplantar esta praga chamada comunismo. Quem diria! Num mundo laico, justamente a religião a salvá-lo da opressão totalitária que permitiu progredisse a níveis inéditos. Os historiadores terão de fazer justiça, caso livre-se o ocidente da desgraça e da miséria que o ameaça, e creditar ao cristianismo as honras de evitar aqueles que seriam talvez os mais infames e mais sombrios capítulos da dignidade humana.
Tag: história
Embora historicamente o pessimismo possua…
Embora historicamente o pessimismo possua incrível taxa de acerto, não há negar que falhe e seja incapaz de enxergar pontos de inflexão importantíssimos. Para dizer como Carlyle, a história evidencia um processo em que as mentiras são repetidamente sepultadas. Dirá o pessimista, e talvez com acerto, que lhes tomarão o lugar novas mentiras. Mas não se pode negar que algo haja de benéfico no processo, isto é, que uma mentira, perdendo a força, abra espaço para que algo novo floresça, algo antes impedido pela limitadora e coerciva ação do falso. Com isso, novas possibilidades; ganha o homem, e ganha a história. Por outro lado, o tempo realmente parece induzir um equilíbrio entre empolgação e desencanto. O prudente, portanto, é deixar de lado os julgamentos extremados.
Nunca deixa de me impressionar…
Nunca deixa de me impressionar o ambiente cultural experimentado e descrito por homens de outros tempos. Para mim, é imergir numa realidade paralela que eu julgaria impossível não houvesse tantos e tantos relatos em diferentes línguas e de épocas distintas. Tudo parece apontar-me que eu e minha circunstância somos a exceção. Cada vez que percorro esses diários, cartas e similares, não é sem um sorriso no rosto que faço minhas notas. Cartas! Já não existem cartas; o gênero epistolar tornou-se quase poético. E pensar em toda essa literatura concebida sob o cheiro de tinta, penas, candeeiros, móveis robustos… e do lado de fora teatros, óperas, saraus… é toda uma realidade que impressiona sobretudo pelo contraste. Talvez esteja tudo realmente muito bem, e seja um privilégio poder apreciá-la com este encanto só conferido pelo tempo…
Carpeaux e Burckhardt
Intercalo Carpeaux e Burckhardt e é um verdadeiro prazer silenciar para que essas inteligências se pronunciem. Carpeaux, é impressionante, parece sempre disposto a apresentar-nos um novo autor, a conduzir-nos fisicamente pelo tempo e pelo espaço, brindando-nos com sua cultura inesgotável, pintando cidades, insuflando-nos de atmosferas longínquas, tudo isso com um estilo que parece mesclar o talento de um artista e a experiência de cem vidas. Já Burckhardt parece, do alto de uma torre, protegido das agitações de seu tempo e de todos os tempos, observá-las todas, analisá-las com a imparcialidade de um cientista e as inclinações de um diletante. Suas profecias são impressionantes. Se involuntárias, como sugere o próprio Carpeaux, evidenciam uma precisa e singular compreensão dos processos evolutivos da cultura e do tempo em que estava inserido. É realmente um prazer!