Do artista o fado é voz dar ao complexo…

Do artista o fado é voz dar ao complexo,
Banhar-se imerso em contradita forte,
Certeza ter, então, perder o norte,
Quedar, por fim, inválido e perplexo.

Chorar mirando o juízo desconexo,
Ansiar por luz e não achar suporte,
Curvar-se ao mesmo tempo à vida e à morte,
E divisar no ambíguo o seu reflexo.

Oh, dura guerra interna e verbo pobre!
O mesmo enigma que à verdade encobre,
Perturba o espírito, à razão retalha,

Arroja a mente em campo de batalha
Sem armas, em fraquíssima armadura,
Trajada do indumento da loucura!

(Este poema está disponível em Versos)

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Mero exercício de transcrição

A sensação de ser capaz de escrever infinitas páginas, somente transcrevendo a guerra psicológica permanente e seus capítulos intermináveis. Conflito implacável, aflição contínua, tranquilidade que quase nunca vem… Palavras do mestre oportunamente relembradas: “Toda a minha vida falei calando-me e vivi em mim mesmo tragédias inteiras sem pronunciar uma palavra”.

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Expansões em choque

Miro-me os trinta e seis poemas. Saíram, isso é certo. Meses de trabalho árduo, mas saíram. Então reparo o imenso contraste entre as rajadas que, simplesmente, permiti se manifestassem. O moralismo que desgosto é-me nas linhas componente obrigatório — jamais o calarei, jamais neutralizarei uma dimensão de mim mesmo… Depois, a psicologia do desespero, os rompantes da mente inserida em corpo contrário à ação, perplexo da própria existência. E, finalmente, o cinismo, o escárnio, a expressão de alguém incapaz de se não atirar conscientemente no ridículo. Sigamos com o derradeiro…

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