A gritaria coletiva, iludindo sobre as grandes questões da vida, joga areia no espírito humano e desvia-o do essencial. O sujeito que passa os dias distraindo-se e julgando importantes problemas de segunda categoria, quando atingido violentamente por uma grande questão, perde o controle: simplesmente não se preparou. Para saber lidar com os grandes eventos, não se deixando agir estúpida e impulsivamente quando surpreendido, é necessário reflexão prévia e regular. E a reflexão, por sua vez, exige o distanciamento da gritaria coletiva. Ultrapassando a fronteira do julgamento, a análise individual do rebanho acaba inspirando uma gigantesca compaixão…
Tag: psicologia
A consciência evoluída tem de portar-se como uma empresa
É curioso notar o movimento da psicologia das massas. Para além da noção utilitária do próprio valor, agora, a consciência evoluída tem de portar-se como uma empresa, isto é, não somente aceitá-los de bom grado, como ansiar por feedbacks. Escuta, ó alma, peça-os e agradeça, sempre! E as relações — todas elas! — dotadas de um caráter comercial. Quer dizer: o ser humano passa a existir em função da “satisfação dos clientes”. De sorriso esticado na face, mostra-lhe a maturidade quando se esforça por agradar. Sempre os outros, sempre o extra, sempre o grupo como critérios soberanos de validação dos próprios atos. E o “senso comum” forçando a universalidade da submissão… Oh, espécie! cujos resquícios da dignidade parecem subordinados a uma migração voluntária de indivíduos de volta à floresta…
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Em sonhos brinca a consciência de causar remorso
Em sonhos brinca a consciência de causar remorso. Lidera o ato cruel, força a manifestação atroz para, então, condenar, afligir, fustigar. Ente perverso… Consuma em mente aquilo que em vida se não realizou, realça no imaginário quanto causa repulsa, engendra um universo onde a ação denota dor moral. Não satisfeita em reproduzir metodicamente o ato infeliz, diverte-se impelindo um arrependimento real daquilo que jamais se passou…
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A compreensão da natureza humana exige o distanciamento da razão
A compreensão da natureza humana exige, repetidas vezes, o distanciamento da razão. Negar as manifestações irracionais do ser humano e dos fenômenos externos implica, ademais de arrogância, a limitação do próprio entendimento. A razão, o método experimental, ambos apresentam-se limitados enquanto ferramentas da apreensão da realidade. Reconhecê-lo é simplesmente estar de olhos abertos. O conhecimento exige humildade, reconhecimento das próprias fraquezas, coragem para enveredar por território estranho. Jung, ciente das possibilidades da razão, — e, sobretudo, ciente de sua força, — buscou no estudo das religiões, da mitologia e da magia medieval as respostas que seu método analítico jamais seria capaz de entregar, por excederem-lhe o escopo. Tornou-se talvez o psicólogo mais brilhante de todos os tempos. Para muitos, porém, desertor. E permanecem os muitos em sua estupidez prepotente e monumental.
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