A compreensão da natureza humana exige o distanciamento da razão

A compreensão da natureza humana exige, repetidas vezes, o distanciamento da razão. Negar as manifestações irracionais do ser humano e dos fenômenos externos implica, ademais de arrogância, a limitação do próprio entendimento. A razão, o método experimental, ambos apresentam-se limitados enquanto ferramentas da apreensão da realidade. Reconhecê-lo é simplesmente estar de olhos abertos. O conhecimento exige humildade, reconhecimento das próprias fraquezas, coragem para enveredar por território estranho. Jung, ciente das possibilidades da razão, — e, sobretudo, ciente de sua força, — buscou no estudo das religiões, da mitologia e da magia medieval as respostas que seu método analítico jamais seria capaz de entregar, por excederem-lhe o escopo. Tornou-se talvez o psicólogo mais brilhante de todos os tempos. Para muitos, porém, desertor. E permanecem os muitos em sua estupidez prepotente e monumental.

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De prancheta na mão ante a desgraça

Complicações de alguém de sonhos raros, quando existentes, desconexos, vagos, abstratos, que sempre se resumiram em imagens mudas e, agora, passa a deparar-se frequentemente com assaltos de infinitas variações da desgraça. Ganha o estudo da psicologia. Interessante notar como o racional perde força a medida que o sono aprofunda-se e, num estado de semiconsciência, apresenta-se em vigor. A moral, também, mostra-se claramente dependente do juízo ou, em outras palavras, da manifestação psicológica racional. Há, também, uma claríssima distinção entre a atuação de impulsos inconscientes nos diferentes níveis de sono. Quando induzido em estado de semiconsciência, o sonho é dotado de um caráter drasticamente mais real. Oh, linhas insossas!…

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Tirania sem fim

Buscar sentido através de fenômenos externos é mecanismo que, apesar de comum, jamais levará o ser à independência. Atrelar-lhe o valor a juízos incontroláveis, quando não simplesmente injustos, é nivelar-se por baixo e evidenciar carência de autonomia. Pior é ver que a aceitação, quando efetivada, não faz senão apontar os tipos de rebanho — maioria absoluta — que, apesar de não perceberem, jamais deixarão a condição de vassalos, porquanto enxergar o meio como soberano é submeter-se a uma tirania sem fim.

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A consciência manifesta-se travando conflito

Uma análise psicológica apurada evidencia que a consciência manifesta-se travando conflito. Em outras palavras: a consciência não é senão uma reação, uma manifestação contrária a impulsos psicológicos naturais. Deixá-la falar, pois, é rebelar-se contra o próprio gênio, dando azo a uma guerra talvez desnecessária, porquanto se vive naturalmente sem que toda ação envolva esse desagradável conflito interior. Disse desnecessária; pois bem: são destas que se extrai qualquer honra possível.

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