O cunho ostensivamente edificante…

O cunho ostensivamente edificante da doutrina cristã do pecado é algo que talvez não tenha paralelo nas demais religiões. Ela fere o âmago do homem e lhe aponta o caminho justo de compensação às suas fraquezas, de maneira que, conhecendo-a, só podem ficar indiferentes o arrogante incurável e aquele que não a compreendeu. O satanista pode rejeitá-la, e mesmo desmantelá-la com argumentos; mas ocorre que, a despeito da firmeza e indignação de suas palavras, se lhe restar o mínimo de hombridade para, sozinho, no recanto mais íntimo de sua consciência, mirar-se e julgar-se, saberá que ela não fala de outro homem senão ele mesmo, e o caminho que aponta, a despeito da dificuldade, é decerto o caminho da redenção.

O cristianismo acerta quando recomenda leniência

O cristianismo acerta quando recomenda leniência ante os erros, quando diz ao homem que não se permita aprisionar nas garras demoníacas do remorso. Em verdade, sem tal leniência, a carga da vida torna-se facilmente insuportável. Mas além disso, o espírito deixa-se impregnar de um orgulho injustificável, de uma incapacidade de reconhecer em si a falibilidade, com a qual não se pode verdadeiramente evoluir.

Se o espiritismo seguramente…

Se o espiritismo seguramente ainda não logrou convencer o mundo a respeito dos fenômenos que documenta e explica com notável riqueza de detalhes, o ter presenteado o mesmo mundo com algumas das personalidades mais virtuosas que pisaram nesta terra nos últimos dois séculos é a garantia de que perdurará. Se não pela originalidade da doutrina, se não pela curiosa exposição do extraordinário, é pelo exemplo que já conquistou o seu lugar entre as religiões mais sólidas e interessantes do planeta.

Um estudo aprofundado das religiões…

Um estudo aprofundado das religiões ocidentais e orientais demonstra que, cada uma à sua maneira, elas conduzem o espírito a refletir sobre as questões essenciais. Debruçando-se sobre várias delas, conhecendo-lhes os altíssimos porta-vozes, o mais difícil é decidir-se por este ou aquele, e não por ambos, e não por todas. Para além da conveniência, contudo, parece necessário escolher a fim de que a prática se norteie e se reforce numa tradição. Uma escolha talvez arbitrária, mas que resulta num compromisso quase sempre enriquecedor.