Talvez nada seria tão benéfico à filosofia moderna quanto inserir exercícios literários na grade curricular das universidades; quer dizer, estimular os candidatos a filósofos a escrever pequenos contos, pequenos poemas talvez, forçando-os a transformar filosofia em literatura. Obviamente, tal exercício seria uma confrontação direta com aquilo que se tem hoje como a única maneira aceitável de se fazer filosofia. E por isso mesmo seria ele tão benéfico. Não se trata de vender ideias pela arte, algo abominável, mas de clarificar o papel concreto da filosofia, isto é, inseri-la em questões concretas, mostrar que há entre ela e a vida uma ligação fundamental, não se resumindo a primeira a um jogo de construções abstratas, um jogo inútil para aquele que busca respostas para questões reais. Sem dúvida, seria um exercício de grande utilidade para os estudantes.