Talvez seja mais ilusória que real a importância desse quê misterioso, desse algo por dizer recomendado por Poe e tão utilizado em literatura. Quer dizer: pouco importa se a mensagem de uma obra é apresentada direta ou obliquamente, o que importa é quanto ela impacta e quanto é capaz de fazer pensar. É verdade que, quando se encerra uma obra deixando a conclusão sob penumbra, parece o autor instigar-nos a esboçá-la por nós mesmos. É também comum que fiquemos com a sensação de que tal desfecho encerre algo profundo, ainda que seja apenas uma impressão. Contudo, há obras cuja mensagem nos impacta com tamanha violência que se nos entranha para nunca mais nos deixar — e estas, muitas vezes, perderiam a força caso não dissessem o que dizem de maneira que nos é impossível mal interpretar.