Há, a nível mundial, uma tendência escancarada a produzir “especialistas”. A princípio, é natural que todas as áreas apresentem um aprofundamento e que estudos cada vez mais detalhados sejam disponibilizados ao estudante comum. Entretanto, a pergunta: e o conjunto? e a ligação entre áreas distintas do conhecimento? e a visão panorâmica, abrangente? Digo e penso em duas coisas. Primeiramente, na monumental História da literatura ocidental de Carpeaux, uma obra que, quanto mais a analiso, mais a considero valiosa: nela, que jamais poderia ser classificada como “superficial”, mais de vinte séculos de cultura estão magnificamente concatenados. O estudante vê brilhar diante de si o elo impossível e conquista, em relativamente poucas páginas, uma visão que o permite transitar pelas mais diversas correntes de pensamento. Uma obra deste tipo é o oposto da tendência intelectual vigente. Em segundo lugar, penso nos estudantes. O interesse múltiplo, o estudo diversificado não costuma fazer carreiras: cresce quem se torna um “especialista”. Tornando-se um “especialista”, o estudante flerta com a possibilidade de conhecer uma área e ignorar todas as outras, ignorando, também, a aplicabilidade real do próprio conhecimento. Muito bem! Que vale mais, ou para que serve o estudo? Parece-me, nas respostas, residir a principal distinção entre os intelectuais modernos.