Causa assombro confrontar os textos orientais antigos com a psicologia moderna, constatando o lapso de mais de vinte séculos e a noção difusa de que esta última revolucionou a compreensão do homem. A psicologia moderna — científica, materialista — limita-se a analisar uma dimensão reduzida do homem, e se lhe resumirmos as façanhas, diremos que foi ela responsável por criar e disseminar a ideia de um modelo humano inferior. Nos textos orientais, tão antigos, — e sabe-se lá de quando data a tradição, — a psicologia humana se apresenta numa complexidade que escapa à psicologia moderna: o homem é pintado com uma dimensão muito maior. Tudo isso por uma razão simplíssima: os textos orientais antigos foram escritos por sábios que tomavam seus mestres como modelo; a psicologia moderna é escrita por psicólogos e psiquiatras que tomam como modelo seus pacientes. Por isso constatamos, nos primeiros, um vocabulário repleto de técnicas de purificação e, nos últimos, repleto de doenças mentais.