Um ano inteiro para tecer um punhado de versos! E ainda não os finalizei!… A sensação é de uma lentidão inadmissível para alguém que tem na própria obra a raison d’être. Incomoda, e incomoda muito essa produtividade de tartaruga quando ao mesmo tempo as ideias parecem desesperadas a bater nas grades de uma jaula reclamando libertação. Querem elas inundar imediatamente os papéis, tal como também quero, mas não cedo e não largo a prudente recomendação de “um trabalho de cada vez”. Não há como ignorar a possibilidade de uma morte imediata: caso tal cenário se efetivasse, restaria, em extensão muito superior aos pouquíssimos versos que compus, um calhamaço desorganizado e quase incompreensível de anotações.