Nunca me esquecerei desta cena! Um doutor respeitadíssimo, diante dos alunos, instruía-os quanto à organização da sala para a aplicação imediata de uma avaliação. Disse respeitadíssimo e reforço: o doutor era de uma imodéstia espetacular e gabava-se, a cada frase proferida, do prestígio que lograva a nível nacional em sua área de atuação. PhD, rico, fora o resto. Ele falava e eu aguardava a entrega de minha prova. Então ele puxou um pincel e escreveu no quadro como gostaria que a sala fosse organizada: à esquerda, do número tal a tal; à direita, deste àquele outro. E foi que eu vi, com meus próprios olhos, o exímio doutor grafar no quadro “de 1 a 15”, “de 15 a 30” substituindo os “a” por “há”. Eu vi. Não foi ninguém que me contou.