É indescritível a sensação de ver, em cores, uma orquestra de primeira linha a tocar. Digo ver e já não sei se deveria ter dito sentir. O dispêndio de cifras incríveis para mantê-la justifica-se por ser uma orquestra de ponta, a depender de onde esteja inserida, quase que uma salvação cultural. Sentindo-a conclui-se: há esperança. Presenciar, simultaneamente, dezenas de homens que lhes dedicam a existência à arte; que, após longos anos de estudo e prática intensa, treinam, treinam e treinam para, numa curtíssima apresentação, transmitir a quem a vê o gênio de espíritos que atravessaram os séculos, espíritos nobres e imortais. Notar a sutileza de movimentos sincrônicos, precisos e carregados de sentimento; calar-se e deixar-se guiar por uma melodia sublime; experimentar um contato direto com algo belo: uma experiência desta natureza eleva moralmente o público que a vivencia.