O artista do século XXI ou, antes, o sequioso da alta cultura necessita de uma espécie de vida paralela, de um destacamento do meio para que, sozinho, possa caminhar. A alta cultura repele a vida cotidiana moderna, o meio lhe é nocivo, hostil, e não há nada que se possa fazer para absorvê-la senão trancar-se em isolamento. Do contrário, é contaminar-se e perder a capacidade de distinção, apodrecendo como o fez a própria cultura. Se, de um lado, tamanho contraste pode evidenciar uma perda gradativa do papel, ou talvez da influência da alta cultura na sociedade, doutro, a nível individual, restam facílimas as decisões.
Uma vida paralela
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