Percorro um volume de Verlaine e as impressões misturam-se a um ponto em que é impossível arriscar qualquer conclusão. Toda essa irreverência inata, essa biografia indecente, essas linhas que mesclam êxtase e fadiga, essa alma terrivelmente perturbada… Verlaine parece um personagem dostoievskiano à beira da loucura. E como escreve bem! É tão irritante como natural que sua obra, isto é, a obra de um artista devasso, tenha ecoado tão fortemente, sobretudo entre os incontáveis devassos que se reputam, mas nunca serão artistas. Porém, é inegável o talento com que Verlaine representa, para dizer como Carpeaux, suas “sensações musicais”. Impõe-se a comparação com Villon e impõe-se, igualmente, o reconhecimento. Grande artista!