Muito do que Vigny diz de si mesmo eu poderia atribuir a mim sem alterar uma vírgula. Tenho, como Vigny, esse “besoin éternel
d’organisation”, sem o qual não me movo; sou, como ele, “seul”, “exempt de tout fanatisme”; também a mim a vida cuidou dotar-me desta “sévérité froide et un peu sombre” que não é inata; quanto ao método criativo, identicamente concebo, planejo, moldo e deixo esfriar antes da execução final; poderia também dizer com toda a minha alma que “l’indépendance fut toujours mon désir”; compartilho, ainda, a repugnância de Vigny às futilidades, fruto de alguém que, estando “toujours en conversation avec moi-même”, encontra no estorvo das interrupções sempre motivo para frustrações… e a lista poderia continuar. Vigny, contudo, faz a nota: “Aimer, inventer, admirer, voilà ma vie”. Ah, Monsieur! Lamentavelmente, estas vossas palavras já não posso subscrever… Não faz mal: Deus me deu o senso de humor.