Vou a São Paulo e, como sempre, fico a reparar o trânsito paulistano. É mesmo uma obsessão. Tomo um táxi, e despejo no taxista as minhas teorias. Ensino ao profissional do trânsito como se troca de faixa em São Paulo, o significado da faixa da esquerda, e lhe vou apontando o sentido implícito de cada movimento realizado por outros motoristas. Provo-o que o paulista sabe dirigir e tem educação. O sujeito logo perde a timidez e gargalha diante das histórias que lhe vou contando de outras paragens, até que enfim é convencido de ser feliz no trânsito mais lento do Brasil. Desço e já penso no próximo táxi, onde contarei novamente as mesmas histórias; Por vezes, chego a dividir o percurso em duas corridas para poder contá-las duas vezes. E acabo, assim, divertindo-me também. Enfim, nada tendo que ver com as provocações de meus personagens, saio sempre de São Paulo com a sensação de que o paulista é, mesmo, um sujeito boa-praça.