As reações do público a uma peça dramática ensinam sobre a arte. Ao público, geralmente agredido ao final do último ato e imediatamente após a agressão, é concedido o direito de resposta. Então ecoam as vaias, os impropérios e similares. Dizemos, é claro, do público espontâneo — sincero, selvagem — e em primeiro contato com a peça. Uma peça já representada, ou antes, um público conhecedor do clímax do drama age de forma totalmente diferente: comparece ao teatro para analisar performances e decidido a aplaudir. O curioso é que, em vida, os grandes dramaturgos não costumam produzir sob o estímulo dos aplausos; e o público, que geralmente é maestro da crítica, contribui para a sua execração. Assim vemos a arte como que forçando a autonomia do artista ao atirá-lo em confronto contra a maioria. Parece perguntá-lo: “E então? és capaz de seguir adiante, contrário a todos?”. A questão não cede espaço a evasivas: a arte parece exigir independência e resolução.
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