A leitura atenta de vários volumes em sequência de Mário Ferreira dos Santos impactou-me tão fortemente que tive o impulso de revisar-me todas as notas a procurar bobagens. Contudo, é impulso que não posso permitir. Revisar-me o passado é destruir o que fui, apagar os vestígios de uma possível evolução. Linhas escritas são o registro no tempo de impressões duradouras ou não: mas são, todavia, as evidências da trajetória percorrida. Suprimir o que fui é deturpar o que sou: ação justificável não na mente de obsessivos pela coerência perfeita, mas sim na de impostores e canalhas.