O diagnóstico é antigo:
A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são maioria na humanidade.
Tento imaginar o que Nelson diria presenciasse nossos dias de internet e redes sociais. Nas principais democracias do mundo, a liberdade de expressão já não é plena: há opiniões proibidas, há censura. A massa de idiotas aniquila tudo quanto a desagrada escutar. Nunca houve tamanha facilidade para que o ódio se organizasse e encontrasse meios de ação. As turbas digitais revoltam-se, empenham-se pelo juízo prévio de valor e logram, fatalmente, privar alguns do direito de falar. Destroem facilmente carreiras, reputações, trabalham com afinco imensurável pela ruína total dos objetos do seu ódio. O capital cede, é avesso à polêmica, arrepia só de pensar no detrimento da própria imagem. E a democracia não faz senão lhes validar a fúria, posto ser o regime em que maioria implica direito, denota razão. Cientistas sociais debatem: como barrar a ação do ódio organizado? Como impedir que a moral vigente, mais uma vez, sufoque metodicamente as manifestações dissidentes? Difícil… Muitos e muitos ainda serão honrados com as chamas da fogueira deste tempo. O ódio é o impulso humano mais potente, não cede enquanto não consuma a própria obsessão. Continuarão a odiar, odiar, odiar, até que a democracia acabe enforcada pelos democratas.
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