Ciência e democracia: os vocábulos mágicos do ocidente pós-moderno. Quando convertidos em adjetivos ou advérbios, conferem a qualquer termo um caráter incorruptível, magnífico, sagrado. E a política, nojenta política, não faz senão explorá-los. O processo não guarda segredo: é apoiar-se, em nome da “ciência” ou da “democracia”, à realização da própria vontade. E então espoliar liberdades. Quem será o louco a se declarar anticiência? E a ciência pode dizer — deve dizer! — ser questão de saúde pública algo como a gestação artificial, ou a extinção de carne vermelha dos cardápios, ou qualquer outra medida que, impreterivelmente, deve ser adotada por todos, sob pena de multa ou cadeia — aqui, é claro, a atuação do deus Estado. Muito bem! Pois se é sobre o nome da “ciência” e da “democracia” que este século se apoiará para avançar sobre a liberdade individual, folgo em declarar-me, a mim mesmo, o primeiro animal anticiência e antidemocracia do ocidente.