É muito, muito difícil que um crítico literário não se torne um difamador. E isso é fácil de entender: o crítico vê-se, na maioria das vezes, diante de algo que gostaria, mas não consegue produzir, seja por falta de coragem ou talento. Assim, com alimento diário, a inveja só tende a crescer. Isso é algo natural desde os menores aos grandes. Vejamos um exemplo emblemático: o enorme Vladimir Nabokov. Mesmo ele, intelectual de primeiríssima ordem, não escapou da emboscada, sendo capaz de entregar-nos uma análise absolutamente brilhante de Anna Karênina em volume unido a páginas desprezíveis e invejosas sobre a obra de Dostoiévski. Percebam vocês que falamos de críticos: ainda estes, os que buscam analisar e julgar sinceramente os aspectos artísticos de uma obra, estão sujeitos à tão ingrata sorte. Há ainda uma ala pior, significativamente pior: a ala dos panfletários. Mas estes, desculpem-me a indelicadeza, não merecem senão o desprezo total.
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