É de uma audácia formidável o dinheiro…

É de uma audácia formidável o dinheiro

É de uma audácia formidável o dinheiro ter invadido o terreno da filosofia da forma que o fez. Nestes dias, qualquer tratado sobre a liberdade individual que se preze deve dedicar umas boas páginas a este tema tão terreno e tão desagradável. É como se um imenso balde de terra tivesse sido jogado em cima de um manancial de concepções idealistas. Não parece que seria hoje possível viver como viveram muitos ascetas de tempos passados; isto é, é improvável que, hoje, aqueles não seriam submetidos a uma necessária escravidão. É certo que a falta de dinheiro limita a liberdade, e não é preciso ser materialista para aceitar a hipótese de que, sim, também o dinheiro pode aumentá-la. Mas que pode fazer o dinheiro pela liberdade do homem? A partir de que ponto é supérfluo? Se o homem comum, forçosamente, tem de tomar parte na cultura do money-making, é justo que determine o quanto e até quando deve se afundar. Portanto, aí está um importante objeto para a ética…