Estupor perante a destruição

Às vezes parece vivermos numa época não de decadência, mas de estupor perante a destruição cultural já consumada. É como se estivéssemos em meio a escombros, perplexos e sem ação. Foi-se o que havia de seguro, de estável, de “certo”, foi-se o norte e o bom; as palavras foram esvaziadas de sentido e os critérios desconstruídos, ao mesmo tempo que o subversivo foi colocado num pedestal. Culturalmente, destacam-se despautérios que, após um instante de brilho, são logo esquecidos e substituídos por outros; e nessa sucessão em que nada perdura, senão o contrassenso, parece não haver nada de firme para se apoiar.