Há uma flagrante injustiça…

Há uma flagrante injustiça na maneira com que Nietzsche é pintado tanto por seus oponentes quanto por seus admiradores. Parece todos se esforçarem para ver, em cada detalhe de sua biografia, as exaltações que lhe encontramos na obra. É como se o Nietzsche homem fosse privado do discernimento e contendesse diariamente na vida como o fazia filosoficamente. Enxergam, em cada traço de sua personalidade, um desequilíbrio doentio, querendo fazer-nos crer que não fora ele lamentavelmente assaltado pela doença, tendo esta progredido lentamente desde o seu nascimento. Negam-lhe a razão, e nas tendências naturais de qualquer homem cuja vocação é o estudo sério, nas manifestações naturais de qualquer homem que experimenta um conflito interior, veem transtornos mentais. Há estudos que o defendem! Homens modernos, modernamente saudáveis, garantem-no doente! Um homem, pois, incapaz de sentar-se numa mesa e comportar-se publicamente: um louco. Faltam palavras para direcionar a estes imbecis…