O estilo, diz Brodsky, é menos o homem que seu estado de nervos. Muito bem observado! E é possível dar um passo adiante dizendo que há, em todo escritor, o homem que vive e o homem que escreve — ou, noutras palavras, o homem que pensa e o homem que age. O estilo é, em grande medida, o efeito emocional e psicológico desencadeado pelo ato de escrever. O moralista é amargo porque é justamente de amargura que se enche quando escreve sobre aquilo que escreve. Igualmente um estilo grandioso revela um sentimento de grandiosidade. O poeta é um fingidor, diz um verso de Pessoa — mas apenas até certo ponto. Invariavelmente, só se pode expressar aquilo que se pode sentir.