Nada há de mais maçante, ao leitor moderno, habitante da metrópole cinzenta, que a tal poesia pastoril. É impossível, para ele, prosseguir além de umas poucas páginas neste gênero poético que não é capaz de suscitar-lhe absolutamente nada. Tal ocorre, em primeiro lugar, por ser o leitor moderno carente da experiência de harmonia para com o meio, indispensável para que se possa abrir um poema pastoril. Tendo sido, desde o nascimento, bombardeado com a agressão visual que é uma metrópole; tendo sempre associado o ambiente comum ao perigo, à possibilidade de um assalto repentino, à sensação de desconforto, insegurança e medo, não poderá ele jamais compreender como pode alguém extrair satisfação do meio. Mas além disso: toda a sua existência foi moldada num ritmo completamente distinto daquele do poeta habituado ao campo, de tal forma que, entre estes, há tão poucas semelhanças psicológicas e comportamentais que se lhes pode dizer definitivamente estranhos.