Nada há de menos poético e divino que o remorso

Nada há de menos poético e divino que o remorso, essa dor lancinante e invencível que se instala para machucar. Experimentá-lo é permitir que negreje a mente e a vista não capte senão o desagradável em tudo. É ele como uma força densa que puxa o espírito para baixo em todas as circunstâncias. Curioso confrontá-lo com a repetida recomendação budista de romper e destruir completamente os laços. Não me lembro tê-los visto discorrer sobre o remorso resultante do sofrimento gerado por tal operação. Talvez, estar-lhe-ão com efeitos e cura previstos nesta via infinita do aniquilamento de si mesmo. Não estou certo de que tal via conduza ao nirvana quando percorrida até o fim; sem dúvida, porém, sei que monstros ela é capaz de produzir…