Nesta era em que há mais vozes que ouvidos…

Nesta era em que há mais vozes que ouvidos

Nesta era em que há mais vozes que ouvidos, mais livros que leitores e mais facilidade que vontade de aprender, é improvável que se erga uma verdadeira autoridade intelectual e alcance o prestígio de um Voltaire, de um Goethe ou de um Walter Scott. A atenção que angariasse para si seria, no máximo, passageira, e portanto dificilmente gozaria do sólido e duradouro reconhecimento que grandes intelectuais gozaram noutros tempos. Isso não mostra senão uma característica desta época de atenção difusa e bombardeada ininterruptamente. É temível o que pode provir de uma época não só carente de autoridades verdadeiras, mas guiada por falsas; porém, de toda forma, o que se há de concluir é que, ao intelectual, tudo se tornou consideravelmente melhor.