O ateísmo conduziu o homem moderno a uma desorientação tão extrema que resgatar as noções mais básicas de sua condição humana é obra que já se não completa em umas poucas gerações. O estado é calamitoso a ponto de que nem a literatura pode prestar-se a uma retratação realista e integral da sociedade hodierna, sob pena de ser desabridamente rejeitada pelas gerações futuras por ter extrapolado o absurdo mesmo se consideradas as possibilidades ficcionais. Esta é uma situação talvez inédita, em que é preciso ignorar o grosso da realidade para se fazer literatura duradoura. Há coisas que não se dizem numa mesa, e há coisas que não se escrevem.