As “obras-primas da ficção de gênero”

Ficção de gênero

Perguntam-me o que acho das “obras-primas da ficção de gênero”. Estranho a pergunta. Jamais considerei obras-primas sobre semelhante perspectiva. Quero dizer: uma obra-prima o é — ou não — independente de seu gênero literário. Mas a questão abre as portas para uma reflexão interessante. O que se convencionou chamar de “ficção de gênero” parece não ter angariado respeito da crítica. Mas a crítica costuma ser injusta com tudo o que constitui novidade. A literatura, porém, está sempre em movimento — e pior para os críticos que o não acompanham. Por outro lado, a popularização das “ficções de gênero” deve muito ao fato de que essas obras, em geral, são escritas pensando no leitor. Escrever pensando no leitor é um método extremamente eficaz para produzir uma obra de baixa qualidade. E como o lixo sempre fez sucesso entre o público! Por isso, quanto à “ficção de gênero”, é necessário cautela. Em hipótese alguma um gênero literário impõe limites para a qualidade de uma obra artística, e várias obras de “ficção de gênero” vencerão a barreira do tempo e se tornarão clássicas — algumas, aliás, já o fizeram… Porém, os artistas desse gênero literário caminharão por muito tempo sobre uma linha estreita: amados pelo público, desprezados pela crítica, tendo de lidar com a tirania do sucesso que pode, de fato, destruir-lhes a qualidade artística das obras. É ter coragem para colocar a arte como rainha e ser indiferente aos anseios do público…

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