Os efeitos sempre corruptores e opressivos da psicologia de grupo

Analisando os efeitos sempre corruptores e opressivos da psicologia de grupo, pode-se concluir que a honra exige a solidão — isto é, a recusa terminante em integrar qualquer coletividade. O pensamento coletivo é detestável, a imposição coletiva sobre o indivíduo infame. Mas o caminho é ingrato: há sempre um preço a pagar. A sociedade, com seu histórico vergonhoso de perseguição contra os rebeldes solitários, negando-os a possibilidade da recusa, submetendo-os sempre à sua tirania vil, não pode ser melhor definida senão como a manifestação espraiada do mal. Não espantaria descobrir que quem rege este mundo coloca defuntos para acordar dentro do caixão.

O que há de universal no ser humano

O que há de universal no ser humano são suas manifestações vaidosas, hipócritas e gananciosas. Isso hoje como ontem, e ontem como amanhã. Haveria exceções caso o ser não fosse atirado, via de regra, em situações de pressão e risco, quando é forçado a agir pelo instinto maliciosamente desenvolvido ao longo dos séculos e capaz de livrá-lo de desconfortos mais severos. O mundo lhe não permite a paz: caça-o e exige-lhe uma reação. E a reação, sempre, manifesta em vaidade, hipocrisia e ganância — o mecanismo de defesa que corrompe as almas e converte-se em vício. Por isso, faria bem a psicologia comportamental se utilizasse a filosofia moralista como dogma: contudo, se assim procedesse conduziria invariavelmente o estudante à depressão.

Da história para a metafísica…

É muito mais produtivo saltar de um Sartre para um Swedenborg, fechar a Bíblia e abrir os Upanixades, passar da história para a metafísica do que empanturrar-se do mesmo alimento, restringindo o horizonte do intelecto e privando-o de se imergir em diferentes matérias, valores e estilos. Oscilar entre extremos buscando pelo valioso de tudo e absorvendo-o tanto quanto possível: com essa técnica, até o cérebro mais renitente é forçado à evolução.

A ironia do pensamento racional é exigir tacitamente uma conclusão

A ironia do pensamento racional é exigir tacitamente uma conclusão. Do contrário é declarar-se inútil, constatar que não avançou. E a conclusão é justamente o impossível, o passo em falso e a derrota! Concluindo perde-se o jogo, sepulta-se de antemão possibilidades futuras, declara-se o fim da atividade mental. Disto extraímos: se é para falhar e desistir, que se falhe e desista tarde, somente diante do pressentimento do decesso e se tomado de um impulso irresistível. Schopenhauer, uma mente brilhante, prejudicou-se ao fazê-lo muito cedo: teria tido dias mais tranquilos caso não houvesse caminhado, por quase a totalidade da vida adulta, carregando o peso de suas conclusões.