O Estado é uma máquina tirânica odiosa cujas funções resumem-se em decretar leis, forçar os cidadãos a engoli-las e punir quem se indisponha a fazê-lo. Seus meios são a opressão e o mando; seus recursos são quanto toma à força do indivíduo. Entre todos os deuses do panteão moderno, é este talvez o mais repugnante, cuja atuação nunca pode ser aprovada por aquele que aprendeu a valorizar honra e liberdade. Blasfemar contra esse monstro corruptor de almas e valores é dever moral.
Todo artista deveria ansiar pelo anonimato
Todo artista deveria ansiar pelo anonimato, pois com paredes é possível travar diálogo sincero sem incorrer no risco de sofrer incômodos. As paredes aceitam silenciosas que a arte evolua e a expressão torne-se cada vez mais potente. Contudo, parece a publicação, — isto é, a sujeição à perseguição, — um dever do artista, em honra de todos aqueles que o precederam e padeceram do ódio dos imbecis.
Budismo é largar tudo e viver de esmolas
Tomaria o budismo integralmente como modelo de conduta caso o fazê-lo não incorresse em assumir um estado de dependência que a mim é intolerável. Budismo, à risca, é largar tudo e viver de esmolas. Disto a conclusão: se o livramento final exigir como passo obrigatório a sujeição completa a este mundo, ainda que temporariamente, nunca o experimentarei. É como se, desejando liberdade, fosse necessário, primeiro, submeter-se a pior e mais plena das escravidões. Pensando melhor, faço a correção: não tomaria o budismo integralmente porque, integralmente, qualquer coisa torna-se intragável.
Um processo evolutivo onde o falso perece
Se historicamente ocorre, como diz Thomas Carlyle, um processo evolutivo onde o falso repetidamente perece, é forçoso concluir que a sociedade está fadada a erigir e derrubar mentiras. Do contrário é perguntar: por que algo igualmente falso sempre sobrepõe-se à falsidade derrubada? Ou ainda: quantos milênios adicionais serão necessários para que o homem livre-se deste ciclo maligno? A nível coletivo, parece impossível qualquer esboço de solução.