De Camus:
Da caixa de Pandora, na qual fervilhavam os males da humanidade, os gregos fizeram sair a esperança em último lugar, por considerá-la o mais terrível de todos. Não conheço símbolo algum mais emocionante do que este.
De Camus:
Da caixa de Pandora, na qual fervilhavam os males da humanidade, os gregos fizeram sair a esperança em último lugar, por considerá-la o mais terrível de todos. Não conheço símbolo algum mais emocionante do que este.
Escrevi, como que forçado, uma peça e outros dezenove Casos — agora são quarenta e nove, e disso para mil dista um pulo. Acontece o seguinte: é engraçado, quando faço versos, sinto saudade da fluidez da prosa. Mas, à exceção destas Notas, a prosa só me sai a contragosto. É pôr-me a criar narrativas e já começo a pensar em quando as acabarei, em quando me livrarei da obrigação que psicologicamente contraí. Dois volumes de Casos, em sequência, e eu desistiria de tudo. Cansa-me principalmente o método, a estruturação da narrativa e, depois, a execução. O estilo pede concisão, lógica, encadeamento, e a mente parece trabalhar amarrada. A temática surge espontaneamente e torna-se uma ordem. Versos… estes, ao menos, agrada-me tê-los feito quando já esqueço como os julguei ao final…
O horror da vida é a consciência dela. É o prever e acertar. É o sentir consoante o esperado. Ver tudo acontecendo, de olhos abertos. Constatar a previsibilidade das coisas, a futilidade infame do esforço, a mediocridade de quanto se pode alcançar. É o viver e não simplesmente ir vivendo, por uma impossibilidade irreversível. Perceber que a consciência, uma vez desperta, não mais torna a dormir. Ser incapaz da vista grossa que caracteriza as pessoas comuns, a saudável falta de percepção — em suma, a aceitação passiva da realidade.
De Pascal:
A única coisa que nos consola das nossas misérias é o divertimento, e, no entanto, é a maior das nossas misérias. Com efeito, é isso que nos impede principalmente de pensar em nós. Sem isso, ficaríamos desgostosos e esse desgosto nos levaria a procurar um meio mais sólido de sair dele. Mas o divertimento nos alegra e nos faz chegar insensivelmente à morte.