A árvore se conhece pelos frutos…

A árvore se conhece pelos frutos; mas o ato humano, não sendo uma árvore, melhor se conhece pela intenção. Está muito bem dito que não se apanham uvas dos espinheiros, e que figos não brotam de uma erva daninha; contudo o homem, sujeito sempre em maior ou menor medida ao incontrolável, nem sempre produz o que dele se espera ou aquilo que quer. Daí que, em seu caso, ater-se aos frutos não basta, e pode muitas vezes conduzir-nos ao engano.

Por trás de todo estalo decisivo…

Por trás de todo estalo decisivo, há sempre a experiência sem a qual não se pode apreendê-lo, justificá-lo e aproveitá-lo. Disso se percebe que, quase sempre, o estalo não é senão a percepção súbita da finalidade da experiência precedente; quer dizer: o sentido daquilo que se experimentou como que se revela à consciência, e a partir deste momento o ato reveste-se de confiança e resolução.

São muitos os exemplos de belas obras iniciadas…

São muitos os exemplos de belas obras iniciadas apenas tardiamente, mas é raro encontrar um grande escritor que não se tenha aventurado na escrita bem antes de ser capaz de produzir algo de valor. Em verdade, o capacitar-se a fazê-lo é justamente praticar até que adquira o domínio da prática, é experimentar, errar e aprender. O que por isso não se adquire é a bagagem do estudo e da experiência; mas por isso, e só por isso, adquire-se a capacidade de escrever bem.

A mente moderna, que erroneamente acredita…

A mente moderna, que erroneamente acredita, ou pelo menos se comporta como se a finalidade natural da vida humana fosse a busca pelo prazer, não pode entender como uma vida assim orientada conduz ao resultado oposto. Não pode entender como, invariavelmente, com tal prática experimenta-se pouco prazer e muito vazio; nem como, do vazio, surge uma desesperadora frustração. Tão desagradável como pode parecer a responsabilidade, parece a vida em torno dela orientada à mente moderna. Mas a responsabilidade, mais duradoura e produtiva, proporciona uma sensação de continuidade, satisfação e valor que prazer de nenhuma espécie jamais poderá oferecer.