Entendo a publicação como um ato de renúncia. Publicar é, sumariamente, desistir de aprimorar um texto. De minha parte posso dizer: todas estas notas são escritas ao sábado, ou antes: escritas durante a semana, enquanto tento dormir, então reescritas ao sábado e abandonadas, impreterivelmente, aos domingos, quando lhes agendo a publicação. Sempre publico em desalento, decidido a fazer melhor na próxima semana. E o mesmo digo aos livros: tenho, finalizado, um volume de trinta contos, ao qual sequer posso olhar e que ainda não publiquei por motivo específico. A mim são linhas mortas, incorrigíveis, que virão a público em breve concorde eu com isso ou não. Poemas finalizados, idem: não posso lê-los, repugna a mim tê-los em contato visual. E só assim consigo trabalhar. Não me fosse possível esquecer-me as falhas, ignorá-las, então certamente estaria, ainda hoje, escrevendo meu primeiro conto.
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