O primeiro passo para aquele que não deseja, no fim da vida, senti-la integralmente desperdiçada é encontrar, quanto antes, algo que a preencha de sentido, que motive, que traga o desejo de acordar no dia seguinte — este algo é o que comumente se denomina vocação. Encontrando-a, cabe em seguida executá-la diariamente, independentemente das circunstâncias. Se necessidades mais urgentes roubarem-lhe tempo, é executá-la pelo pouco que seja, mas encarando-a como a prioridade impreterível da rotina — o postergá-la é desbaratar o escasso tempo. Assim, deve-se deliberar a situação atual como temporária, e todo o restante da vida deve visar a criação de condições que permitam exercer tal vocação em tempo integral. Esforços não devem ser poupados, e deve-se valer de tudo quanto estiver à disposição para alcançar esse objetivo e livrar-se desta rotina que lhe é inadequada. Nisto, já se alcança uma satisfação prévia, já se experimenta uma sensação de tempo bem aproveitado. Por fim, há dois possíveis cenários: ao que cria para si as condições para lhe exercer o chamado em tempo integral, basta exercê-lo; aos demais, basta que não desistam, e assim não fecharão os olhos arrependidos de desperdiçar as oportunidades que tiveram.