Durante a rotina, é difícil recordar-se do excepcional. Para relembrá-lo, a mente parece exigir silêncio e solidão. Assim que facilmente o esquece, e se não se esforça diariamente por preservar-lhe a imagem, deixa-se percebê-lo somente em instantes imprevistos, apartados, desconexos, desperdiçando o grosso dos benefícios de sua percepção. Mas é sorte que volte a lembrança e gere uma nova surpresa: assim se renova a esperança de que, desta vez, não se há de deixá-la desvanecer.
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Grande parte do constrangimento verdadeiro…
Grande parte do constrangimento verdadeiro ao qual o homem se submete é eliminado tão logo ele aprenda a dizer não. Porque, em suma, o constrangimento não é senão um protesto interior, é o íntimo a manifestar desacordo para com as condições externas, o remorso pelo não engolido. Experimenta-o, portanto, todo aquele que se trai. Neste sentido, antes ser louco e ter coragem de assumir-se, negando com firmeza tudo aquilo que não convém.
É difícil imaginar um estado prolongado…
É difícil imaginar um estado prolongado em que a personalidade não seja perturbada por elementos conflitantes. Tais perturbações, de ativação externa ou interior, não podem ser totalmente vencidas. O que elas podem, decerto, é ser toleradas, analisadas, absorvidas. E a personalidade faz-se com quanto perdura após o confronto com elas. Meditando-se um pouco, às vezes causa indignação notar que muitas vezes o choque é gratuito e prejudicial. Mas aí se percebe que a personalidade é um esforço, e vê-se o mérito em persistir em sua depuração.
Do ponto de vista instrutivo…
Do ponto de vista instrutivo, o mau exemplo tem a vantagem de escandalizar. Por isso, grava-se mais facilmente na memória, e às vezes impacta com tanta força, que recordá-lo causa imediata repulsa e elimina a possibilidade de sua repetição. Assim, há casos em que é muito mais eficaz para transmitir uma lição a qual os melhores exemplos apenas arranhariam se tentassem fazê-lo. Do escândalo não se esquece, e nem se imuniza.