A ostensiva guerra cultural vigente, que há décadas tratou de contaminar praticamente todas as áreas do conhecimento num trabalho gradativo, já parece indicar que no futuro uma serenidade em se analisando a história será como que um milagre, senão um contrassenso. Tal fenômeno já não pode ser ignorado, e de forma alguma constitui ato isolado perante o panorama cultural hodierno; e mesmo que haja uma tentativa de se lhe desviar, vai ele inconveniente batendo em todas as portas, invadindo as residências e se impondo perante o indivíduo. Que fazer? Da mesma forma que é conveniente imunizar-se ante tais agitações, há casos em que o fazê-lo parece um flerte com a desonra. Abster-se do verbo, na situação atual, é permitir que a mentira seja ao futuro transmitida como história. Lamentável…
Tag: comportamento
A honra reclama a desobediência civil
Há, como diz Thoreau, um momento em que a honra reclama a desobediência civil intransigente, a despeito de a punição para tal comportamento ser a cadeia ou a forca. Esta coisa chamada democracia talvez resuma-lhe o valor em ter substituído tiranias declaradas ou, melhor dizendo, em ter o conhecimento destas últimas tornado “democratas” muitos homens de valor. Então vemos que, na prática, a tirania não fez senão mudar de nome. É impossível não pensar em Kafka quando confrontamos a tal democracia com o indivíduo solitário. Se pensamos, por exemplo, no imenso poder opressivo da máquina do Estado ou, mais especificamente, no dos iluminados de toga, que fazem cumprir quanto quiserem, vemos do outro lado um nada de joelhos, amarrado e sob ameaça dupla do chicote e da mordaça. Porém, agora, num misto de enredo kafkiano e nuances de Orwell e Huxley, a opressão é entregue em embalagens tão afáveis quanto falsas. Compreendê-lo e aceitá-lo de bom grado é atirar no lixo a honra e a faculdade de pensar.
Não há nada mais ridículo que a importação do lixo cultural…
No ocidente hodierno, não há nada mais ridículo que a importação do lixo cultural produzido pelos Estados Unidos por parte de países que, em o fazendo, humilham a própria tradição. Henry Adams bem previu que se não poderia esperar algo bom oriundo de uma civilização ascendente à qual fora negada uma base histórico-cultural decente. E aí está… Todas as bobagens concebidas na América, com a velocidade impressionante da era digital, são instantaneamente exportadas para o resto do ocidente, que parece encantar-se com essa vexante embalagem de um inglês corrompido pela ausência da tradição inglesa. Quanto ao Brasil, é melhor nem dizer…
Os agitadores políticos de épocas passadas
É um fato notável que, para que saibamos quem foram os agitadores políticos de épocas passadas, tenhamos de recorrer a obras que não as de história. São raríssimas as exceções a essa regra, e o mais das vezes aplicam-se aos piores exemplos da classe. Triste destino! E ver que a história não concede uma linha, uma mísera menção ao grosso destes que em vida inspiram admirações tão exaltadas, influindo diretamente na dita opinião pública e passando uma falsa impressão de importância — que a história trata de desmentir. Disto se tira uma única conclusão…