É fabuloso notar que o homem ordinário, fazendo metodicamente aquilo que não quer, não viva a empregar-lhe todas as forças numa tentativa de romper esse ciclo desagradável. Parece a faculdade de enxergar possibilidades não ter sido distribuída equitativamente entre os homens. Raríssimos são os que sentem pulsar a desonra em se rendendo ao conveniente. Disto, que concluir?… ser natural apanhar inerte em vez de mover-se por livrar-se das pancadas? Oh, ser racional!
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O capitalismo impôs uma filosofia comportamental…
O capitalismo impôs uma filosofia comportamental que exige do homem eficiência e profissionalismo no convívio diário. Diferente disso é anormal, repulsivo, contrário à ditadura vigente. Forçoso é responder e-mails, mensagens, retornar ligações, além de ter sempre e para todos o sorriso falso de um vendedor. Uma conduta calcada no interesse e na preocupação com a própria imagem — os outros, sempre os outros, os possíveis clientes de um indivíduo transformado em empresa. Disto a supressão da individualidade: a ação submete-se ao conveniente anulando a própria vontade. Praticamente, perde o ser o reconhecimento de si mesmo, e com isso a noção de importância e dignidade. Não parece haver solução que não parta de um cansaço completo, que se converte em indiferença e desprezo para com o mundo e origine um comportamento que horrorize o cidadão comum.
Democracia: a fábrica de covardes
Um dos efeitos colaterais mais detestáveis de uma sociedade democrática é o estabelecimento do juízo velado de que, se muitos estão contra um, os muitos estão com a razão. Não há processo mais eficiente para uma fábrica de covardes! A partir do momento em que uma criança é ensinada que, para fazer valer sua opinião ou vontade sobre as de outro, basta convencer um terceiro a apoiá-la, ela aprende a operar a covardia — conhecendo-lhe as vantagens práticas sobre a honra, virtude essencialmente individual. Se pensamos em gerações inteiras educadas desta forma, é o fim!
A história de grandes homens que se destacaram da multidão
Já disseram — Carlyle? — que a história da humanidade é a história de grandes homens que se destacaram da multidão nula que a compõe. Disto, a tragédia moderna: a estrutura social democrática simplesmente coíbe a ascensão de grandes homens, colocando-lhes no lugar demagogos abjetos, escravos da vontade popular. Para ascender e alcançar reconhecimento, o homem moderno precisa transformar-se num porta-voz da maioria estúpida, deixando de lado sua individualidade para tornar-se um animador de circo, um agitador de multidões. Justamente o distinto é que não pode ascender, sendo esta possibilidade exclusiva para aqueles que se assemelham ao maior número possível de indivíduos. O fracasso!