Ser pobre ou ser escravo?

Questão perversa e obrigatória a todos os que, nascidos em berço modesto, encontram-lhes os interesses inclinados a algo impopular. Pergunto: será possível uma inteligência interessar-se por algo popular? Talvez, conquanto incomum. Pois que a questão continua vibrante, imponente: ser pobre ou ser escravo? Não consigo interpretá-la senão como um confronto entre liberdade e desejo: respondê-la é decidir entre independência ou submissão. Entretanto, boas notícias: abrir as portas à pobreza não quer dizer, necessariamente, que ela se irá alojar.

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Desejo: câncer da psique humana

É possível encontrar justificativas racionais para negar as soluções propostas pelos estoicos, pelos budistas, por Schopenhauer e tantos outros. Mas há uma verdade universal, presente também na filosofia cristã, referente ao desejo: é ele a praga, o câncer da psique humana, a fonte interminável de frustrações. E se, após cuidadosa análise psicológica, decidimos arrancá-lo pela raiz, desarraigando cada uma de nossas esperanças a enxadadas, livramo-nos de uma carga imensa, maligna e prejudicial. O problema é que o ser humano vive de sonhos, suporta a realidade na esperança de um futuro melhor. Exterminá-la, pois, é fazer com que a vida perca o brilho, é dar linha à indiferença, é negar a própria natureza, é automutilação. Pois bem: parece ser esse o caminho da paz.

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A vida não parece suportável senão às naturezas leves

Trecho de Emil Cioran, em minha tradução:

Sem a faculdade de esquecer, nosso passado pesaria de um modo tão esmagador sobre nosso presente que não teríamos força para abordá-lo um só instante, muito menos nele embarcar. A vida não parece suportável senão às naturezas leves, precisamente àquelas que não se recordam.

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Conhecimento e juros compostos

O conhecimento equipara-se aos juros compostos. Destes disse Einstein “the 8th wonder of the world. He who understands it, earns it, he who doesn’t, pays it“. Em ambos os casos, a ascensão é atrelada ao tempo e se dá de forma exponencial, ou seja, maior a distância percorrida, maior a aceleração. Obstáculos escabrosos, com o tempo, tornam-se facilmente superáveis, e as possibilidades momentâneas jamais representarão as futuras. Há, é claro, a ressalva: quer no conhecimento, quer nos juros compostos, o avanço é condicionado à reinversão.

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