Viver é, mesmo, um ciclo infinito de frustrações quando vive-se querendo, e querendo sempre mais e mais, sem que a mente seja capaz de um lampejo de divina sabedoria e coloque um freio e um fim nessa lamentável tendência humana à cobiça e à insatisfação. Poucas coisas impressionam tanto quanto constatar a força desta verdade milenar budista, aplicável a todos os homens de todos os tempos e que parece proclamada por alguém que tudo viu e tudo compreendeu.
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É preciso voltar e voltar ao Dhammapada
É preciso voltar e voltar ao Dhammapada, para lembrar-se sempre de que a paz é inimiga do desejo, e que prazeres de qualquer espécie escondem um fundo venenoso que o sábio tem de evitar. O mundo a eles impele, e por isso é preciso ser inimigo do mundo. Ceder, consciente desta dinâmica infalível, é transformar a vida numa experiência incalculavelmente torturante.
Toda relação virtuosa que pode haver…
De Leopardi:
Chi ha disperato di se stesso, o per qualunque ragione, si ama meno vivamente, è meno invidioso, odia meno i suoi simili, ed è quindi più suscettibile di amicizia per questa parte, o almeno in minor contraddizione con lei. Chi più si ama meno può amare.
Em verdade, toda relação virtuosa que pode haver entre dois seres humanos fundamenta-se naquilo que contraria o amor-próprio, isto é, na modéstia, na benevolência e no despego de si. Sem tais virtudes, nada feito, e as relações não serão jamais algo além de um terreno de interesses e disputas cujos envolvidos ganham muito menos do que podem imaginar.
É verdade que o estudo muitas vezes desvenda…
É verdade que o estudo muitas vezes desvenda a complexidade de matérias as quais o homem comum nem suspeita serem complexas. Essa descoberta, contudo, embora com justeza possa reclamar cautela, jamais deve ter efeito paralisante sobre o espírito, que afinal terá de se decidir. O mesmo ceticismo empregado por alguns como ferramenta indutiva da melhor escolha, é por outros empregado como escudo — eficacíssimo — para uma inata incapacidade de escolher.