Causa espanto notar que a questão da imortalidade…

Causa espanto notar que a questão da imortalidade quase nunca seja abordada no grosso daquilo que se chama filosofia especulativa. Para tomar conhecimento dela, é preciso recorrer a obras específicas, não obstante o problema ser primordial para qualquer compreensão que se possa ter da existência. Quer dizer: sua mera possibilidade transforma a natureza da realidade, a qual a filosofia especulativa pretende investigar. Sem abordá-la, sem sequer considerá-la, a filosofia sai mutilada, senão falta de fundamento real. Virar as costas ao desconhecido por uma alegada prudência é, decerto, uma das maiores imprudências que o filósofo pode cometer.

Para o espírito, não há estagnação…

Para o espírito, não há estagnação: ou evolui, ou deteriora, mesmo sem o perceber. E nada parece prejudicá-lo com mais eficácia que o passado, quando não se aprende a vencê-lo. Os exemplos são infinitos daqueles que se não pararam no tempo, não se deixam despegar de algo que já passou. Daí que o espírito se descola da realidade, e o resultado é degeneração. Há experiências cuja intensidade, jamais revivida, parecem determinar o ser. Porém, visto que a vida é movimento, a “determinação” sempre repercute, quer para o bem, quer para o mal.

O sentido de dever é, desde que posto em prática…

O sentido de dever é, desde que posto em prática, o combustível mais eficiente para uma vida satisfatória. Além dele, porém, é preciso destacar os efeitos esplêndidos experimentados por aqueles que mantêm aceso por toda a vida o desejo de aprender. Não importa a idade, é senti-lo e os dias amanhecem diferentes, acorda-se com outra motivação. E todo o processo de aprendizado, com os seus pequenos progressos, a superação de dificuldades, a ampliação do horizonte de estudo, torna os dias mais estimulantes, e gera a expectativa do amanhã. Satisfação semelhante, tão duradoura e tão saudável, talvez não se encontre de outra maneira.

A certeza enquanto se vive neste mundo…

A certeza enquanto se vive neste mundo é ter de confrontar distúrbios repetidamente, não importa o quanto se isole ou evite a confrontação. Virão os distúrbios como vem o dia, quer nas grandes, quer nas pequenas coisas, bastando para notá-los um envolvimento qualquer. Por isso faz bem aproveitar aqueles momentos em que o ato empreendido flui como leve, sem obstáculos; logo, logo, eles aparecerão.