O intelectual que se preze deve ter não somente como ponto de partida, mas como noção constante a de que sua vida é uma chispa num mundo que já existia e continuará a existir. Sem isso, é-se facilmente engolido por uma vaidade afinal risível. E quando vemos a quantidade de intelectuais modernos a cair nesta ilusão primária, quando vemos o quão despudorado tornou-se o amor-próprio, fica patente um alheamento da realidade que o homem pré-histórico não se poderia jamais permitir, e mesmo para os bichos, o permiti-lo significaria a extinção.
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O temor de abandonar um sonho antigo…
O temor de abandonar um sonho antigo é quase sempre infundado, e os anos demonstram que a renúncia traz consigo uma espécie de libertação. Ater-se a pouco é desagradar-se menos, quando não satisfazer-se mais plenamente. Quando se percebe isso, vê-se que só faz sentido alimentar o sonho que incorre em prática salutar.
A satisfação, se não buscada agora…
A satisfação, se não buscada agora, se não experimentada diante das circunstâncias presentes, não será buscada nem experimentada jamais. É preciso habituar-se a tê-la e querê-la, é preciso direcionar-se para ela, e isso só se faz pela vontade, pelo esforço e pela boa disposição. Sempre é possível encontrá-la, e tão mais proveitoso é fazê-lo quanto mais ela parece distante. Humildade na satisfação é satisfação duradoura.
A angustiante sensação de não pertencimento…
A angustiante sensação de não pertencimento parece muito mais uma questão interior que propriamente objetiva. Objetivamente, se pertence ao lugar em que se nasce. E se vemos Schopenhauer, por exemplo, a experimentá-la durante toda a vida, não podemos creditá-lo senão a uma disposição interior. Schopenhauer, em verdade, via-se relativamente bem acomodado, a adaptou-se também relativamente bem às circunstâncias que lhe foram impostas, embora não o tenha percebido. A sensação que carregou pela vida não foi senão um estorvo psicológico do qual não conseguiu se livrar.