Felizmente, as preocupações e os pequenos erros, mesmo se abundantes, passam sem que nenhum esforço seja realizado para tal. Simplesmente passam, e com uma facilidade que, às vezes, parece milagrosa. Então, mente fresca, ânimo restaurado, há uma nova oportunidade para retomar a atenção ao principal. O mais difícil, frequentemente, é sustentar com paciência essa certeza: há momentos em que a vista escurece, e o mais que se pode fazer é conter-se e esperar.
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A busca pela identidade
A busca pela identidade envolve, em primeiro lugar, o reconhecimento do elemento estável nas mais díspares e afastadas manifestações, isto é, envolve reconhecer a coesão que se desenha durante o desenvolvimento da personalidade. Às vezes, a tarefa não é fácil, e tal coesão não se identifica nos atos, mas numa intenção mais ou menos manifesta, sem a qual o vivido se embaralha em confusão. A identidade porém existe, porque o indivíduo não se desfaz nem se torna outro — e encontrá-la é sempre revelador.
Quando se amadurece deveras…
Quando se amadurece deveras, à medida que o tempo vai subtraindo, à medida que a responsabilidade aumenta e o passado adquire peso e vulto, também se adquire a capacidade de desligar-se do acessório até que, enfim, a vida se torna mais simples. Esse processo, porém, é dependente da capacidade de entender-se e enxergar-se proporcionalmente no panorama da existência, algo que, naturalmente, resulta no dimensionamento justo, sem exagero nem demasiada modéstia, daquilo que se pode e que se deve fazer.
É tradicional da sabedoria indiana reforçar…
É tradicional da sabedoria indiana reforçar insistentemente a importância do presente, tendo em vista que, do passado, colhe a mente o remorso e, do futuro, a apreensão. Portanto, parece ser objetivamente impossível uma paz que não se resuma em uma imersão serena e anuente no agora, uma imersão que se satisfaz de si mesma. Mas ah, como ela é difícil! Aquele mínimo que falta, aquele querer que não é muito, mas é colocado num futuro hipotético, aquela felicidade real, plena, reconhecida, que pouco exige mas é distanciada do momento, tudo isso é, decerto, o enterro da paz. E a aflição que brota desta constatação, ou melhor, desta postura, é daquelas que não se vence, porque não se pode acelerar o tempo, nem viver o futuro no presente. Portanto, por mais que pareça difícil, e por mais que às vezes os sábios da velha Índia pareçam repetitivos, a verdade é mesmo só essa: o que há é simplesmente o agora.