Quando se examina bem, é dificílimo encontrar uma angústia que não seja proveniente de uma escolha, anterior ou presente. Apenas isto bastaria para despertar na mente a certeza de que traça em grande parte o seu destino, e colhe certamente os frutos daquilo que plantou. Se o não reconhece, é porque não amadureceu o suficiente para assumir o encargo das próprias decisões, e enquanto não o fizer, permanecerá num estado de submissão imaginário que adicionará aos malefícios da angústia aqueles da ignorância.
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O intelectual que se preze deve ter não somente…
O intelectual que se preze deve ter não somente como ponto de partida, mas como noção constante a de que sua vida é uma chispa num mundo que já existia e continuará a existir. Sem isso, é-se facilmente engolido por uma vaidade afinal risível. E quando vemos a quantidade de intelectuais modernos a cair nesta ilusão primária, quando vemos o quão despudorado tornou-se o amor-próprio, fica patente um alheamento da realidade que o homem pré-histórico não se poderia jamais permitir, e mesmo para os bichos, o permiti-lo significaria a extinção.
O temor de abandonar um sonho antigo…
O temor de abandonar um sonho antigo é quase sempre infundado, e os anos demonstram que a renúncia traz consigo uma espécie de libertação. Ater-se a pouco é desagradar-se menos, quando não satisfazer-se mais plenamente. Quando se percebe isso, vê-se que só faz sentido alimentar o sonho que incorre em prática salutar.
A satisfação, se não buscada agora…
A satisfação, se não buscada agora, se não experimentada diante das circunstâncias presentes, não será buscada nem experimentada jamais. É preciso habituar-se a tê-la e querê-la, é preciso direcionar-se para ela, e isso só se faz pela vontade, pelo esforço e pela boa disposição. Sempre é possível encontrá-la, e tão mais proveitoso é fazê-lo quanto mais ela parece distante. Humildade na satisfação é satisfação duradoura.