Por trás de todo estalo decisivo…

Por trás de todo estalo decisivo, há sempre a experiência sem a qual não se pode apreendê-lo, justificá-lo e aproveitá-lo. Disso se percebe que, quase sempre, o estalo não é senão a percepção súbita da finalidade da experiência precedente; quer dizer: o sentido daquilo que se experimentou como que se revela à consciência, e a partir deste momento o ato reveste-se de confiança e resolução.

A mente moderna, que erroneamente acredita…

A mente moderna, que erroneamente acredita, ou pelo menos se comporta como se a finalidade natural da vida humana fosse a busca pelo prazer, não pode entender como uma vida assim orientada conduz ao resultado oposto. Não pode entender como, invariavelmente, com tal prática experimenta-se pouco prazer e muito vazio; nem como, do vazio, surge uma desesperadora frustração. Tão desagradável como pode parecer a responsabilidade, parece a vida em torno dela orientada à mente moderna. Mas a responsabilidade, mais duradoura e produtiva, proporciona uma sensação de continuidade, satisfação e valor que prazer de nenhuma espécie jamais poderá oferecer.

A lei só cumpre a função social…

A lei só cumpre a função social pela qual se justifica quando é expressão jurídica do senso comum. A partir do momento em que se precisa recorrer a um especialista para conhecê-la, ou melhor, a partir do momento em que se torna conhecimento especializado, distante, e não universalmente apreendido por óbvio, a lei perde a função social e torna-se mero meio de opressão por parte daqueles que detêm o poder de aplicá-la ou se beneficiam de sua aplicação.

O que há de valoroso nos teosofistas…

O que há de valoroso nos teosofistas, ao menos a princípio, não é o sincretismo da doutrina que professam, mas o impulso inicial por estudar e compreender diferentes doutrinas, buscando nelas o que há de verdadeiro e bom. É, em suma, aquela velha humildade perante o desconhecido, aquele interesse genuíno pelo alheio, que começa pela concessão de um crédito manifesto na boa disposição para ouvir. Tão evidente e tão básico. Se a teosofia ensinasse essa única virtude aos homens, já se teria mostrado de grande valor. Todo o resto são lamentos.