Ser culto envolve entender que o mundo é velho, vasto e plural

Ser culto envolve entender que o mundo é velho, vasto e plural. Envolve enxergar que a civilização não começou no último século, que há países e não um só país; há religiões, literaturas, povos, idiomas, culturas, morais, ídolos, tradições… Há assimilações múltiplas da realidade, hábitos contrastantes e amiúde opostos. Há climas, geografias, histórias… Em suma: ser culto envolve entender que o mundo excede o próprio umbigo — algo raro de se ver…

Tudo quanto é vivo morre…

Compreenderam os budistas a mecânica deste mundo, onde tudo quanto é vivo morre, ainda que lentamente, ainda que disfarçadamente mediante um ciclo inevitável. Admira, pois, que seja tão difícil defrontar a morte como episódio natural e necessário. Colocar pedras sobre o passado: eis a rara virtude, também chamada maturidade, que não é senão a capacidade de aceitação do presente. Tudo está sempre em movimento, todo estado é necessariamente transitório, morrerá o que hoje vive e o que foi não é…

O otimista carece de senso de humor

O otimista carece, sobretudo, de senso de humor. Se sorri, fá-lo desde que lhe não agridam as “convicções”. Não passa frequentemente de um fanático, apóstolo da crença no futuro luminoso, incapaz de caçoar de seus próprios e seguidos fracassos. Parece paradoxal brotar humor do pessimismo, mas é só aparência: o pessimismo surge do raciocínio, e o humor da modéstia imposta pelas conclusões ao intelectualmente honesto. O otimista não ri de si mesmo — portanto, geralmente não sabe pensar. O experimento é muito simples: ridicularize-se, por graça, um sujeito que afirma o futuro lhe guardar um pote imenso de ouro — ver-se-á imediatamente as veias lhe pulsarem de cólera. Faça-se parecido a um pessimista: chame-o de ranzinza, urubu ou reclamão — e ver-se-á, naturalmente, brotar-lhe um largo sorriso na face.