Novamente, vamos de Nietzsche:
A grandeza de um artista não se mede segundo os “belos sentimentos” que ele desperta: só as mocinhas acreditam nisso. Mas segundo a intensidade que emprega para atingir o grande estilo.
Novamente, vamos de Nietzsche:
A grandeza de um artista não se mede segundo os “belos sentimentos” que ele desperta: só as mocinhas acreditam nisso. Mas segundo a intensidade que emprega para atingir o grande estilo.
Pode-se admitir sem muita dificuldade que um cachorro é capaz de pensar. Contudo, certamente um cachorro não acredita. Digo isso e noto um diferencial humano. Diferencial que não consigo resumir em bênção ou debilidade: o acreditar eleva o ser humano acima de todos os outros animais na mesma medida em que o torna suscetível ao erro e ao mal. Se nutro grande estima pelos céticos, percebo que lhes falta algo. Às vezes parece forçoso abraçar uma fraqueza para transcender a mediocridade do concreto…
É muito difícil reconhecer a autonomia daqueles que parecem incólumes às explosões de Nietzsche. Gostam de apedrejá-lo, tirá-lo do contexto, destacá-lo da nobreza de caráter que lhe é peculiar. Nietzsche simboliza a liberdade de espírito, a potência, a coragem intelectual. Desmerecê-lo parece-me, sobretudo, desmerecer estas três nobilíssimas qualidades.
Energizemo-nos de Zaratustra (em tradução de Mário Ferreira dos Santos):
Mas peço o impossível; rogo, pois, à minha altivez, que acompanhe sempre a minha sabedoria!
E se um dia me abandonar a minha sabedoria — ah! Ela gosta tanto de voar! — possa então minha altivez voar com a minha loucura!