A compreensão da natureza humana exige o distanciamento da razão

A compreensão da natureza humana exige, repetidas vezes, o distanciamento da razão. Negar as manifestações irracionais do ser humano e dos fenômenos externos implica, ademais de arrogância, a limitação do próprio entendimento. A razão, o método experimental, ambos apresentam-se limitados enquanto ferramentas da apreensão da realidade. Reconhecê-lo é simplesmente estar de olhos abertos. O conhecimento exige humildade, reconhecimento das próprias fraquezas, coragem para enveredar por território estranho. Jung, ciente das possibilidades da razão, — e, sobretudo, ciente de sua força, — buscou no estudo das religiões, da mitologia e da magia medieval as respostas que seu método analítico jamais seria capaz de entregar, por excederem-lhe o escopo. Tornou-se talvez o psicólogo mais brilhante de todos os tempos. Para muitos, porém, desertor. E permanecem os muitos em sua estupidez prepotente e monumental.

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A multidão é essencialmente covarde

Sempre que me deparo com a agressão em massa contra um indivíduo noto, em primeira instância, a desigualdade do combate. Foi-se o tempo dos duelos; foi-se a noção de que a honra, mesmo aviltada, exige o combate leal. A multidão é essencialmente covarde por valer-se da opressão numérica. Constato que, ainda que o indivíduo tenha feito qualquer coisa de condenável, eu jamais serei capaz de urrar vendo-lhe a cabeça a rolar. Rechaço, sempre e obrigatoriamente, o berro repugnante da multidão. Nunca estarei ao lado da turba impessoalizada, do somatório de covardes que se escondem sob a máscara de uma “causa comum” para agredir.

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O indivíduo repele o grupo

O homem capaz de enxergar a singularidade de sua existência jamais será capaz de aderir a nenhum tipo de grupo organizado, exceto por interesse. As circunstâncias que lhe formaram o caráter e moldaram-lhe a personalidade, erros, fracassos, arrependimentos… tudo isso somado inviabiliza qualquer senso de pertencimento coletivo. Aderir a um grupo é simplificar a complexidade da própria experiência, desonrando-a, diminuindo o valor das lições que aprendeu à força, sendo indigno da própria resistência.

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O homem faz sempre e necessariamente mau uso da liberdade

De Emil Cioran, em tradução livre:

O homem faz sempre e necessariamente mau uso da liberdade. Disso provém que todos os regimes que se fundamentam e afirmam-se nela estão condenados à ruína.

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