A poesia brasileira, ostentando figuras como Gonzaga…

A poesia brasileira, ostentando figuras como Gonzaga, Silva Alvarenga, Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e Fagundes Varela, figuras que, no ranking de popularidade, integram talvez o terceiro ou quarto escalão no panteão dos poetas brasileiros, é uma poesia que, na pior das hipóteses, merece respeito. O mesmo não ocorre com os romancistas, cujas obras nem pelo sabor, nem pela variedade parecem capazes de atrair o interesse de um leitor estrangeiro. Isso, ao contrário do que parece, não é motivo para lamento, mas para que se reconheça e se celebre a qualidade dos poetas nacionais.

A riqueza fônica e sintática do português

A riqueza fônica e sintática do português, mais do que a índole de seu povo ou o estro de seus autores, coloca-lhe a poesia entre as mais notáveis da literatura mundial. Como veículo de expressão do primitivo impulso representado pela poesia, suas possibilidades são tão variadas e de efeitos tão singulares que, ainda que trabalhada por mãos ordinárias, por vezes alcança resultados dignos de sincera admiração.

Impressiona notar o interesse sempre existente…

Impressiona notar o interesse sempre existente na literatura contemporânea, encontrado mesmo em autores conscientes de que a grande literatura é, por definição, atemporal. Notar que, havendo dezenas de séculos que não serão absorvidos, milhares de obras que não serão lidas por simples falta de tempo, o interesse pelo coevo ainda viceja, e obras coevas granjeiam uma atenção que não têm a maioria daquelas seculares, já consagradas pela prova do tempo. Como explicar que não seja o oposto a ocorrer? Como explicar que o comum não seja um quase desespero por absorver o essencial destas dezenas de séculos e milhares de obras? Para nada disso parece haver explicação racional.

Parnaso de além-túmulo, de Chico Xavier

É realmente uma piada o deparar-se com eruditos mais impressionados com a presença de epênteses ou diéreses em determinados poemas desta obra, do que com as circunstâncias absolutamente extraordinárias em que foram eles concebidos, diante de dezenas de testemunhas oculares as mais variadas. Se esta obra impossível não valida o processo humildemente exposto pelo autor, então decerto nada o validará jamais, pelo simples motivo de ser repugnado a priori por detratores indispostos a reconhecer no próximo capacidades que não têm. Um único soneto, feito intempestivamente num jato, cuja ideia se concatena na métrica e as rimas satisfazem, já seria motivo suficiente para deixar boquiabertos todos aqueles que se arriscaram alguma vez a escrever algum. E disso, então, que dizer? Só mesmo a inveja, ou o mais absoluto dos fanatismos para aventar palavras de descrédito ao autor.