O afastamento que não parece ter limites entre o português culto, já agonizante, e o português falado no Brasil, somado ao desinteresse cada vez maior pela escrita, evidenciado pelo aumento exponencial da oralidade, são motivos suficientes para demonstrar que, quem escreve hoje, escreve para potenciais leitores futuros. Por um lado, é isso um excelente incentivo à grande literatura, à literatura dos temas atemporais. Por outro, é o retrato de uma cultura morta, que inviabiliza, por exemplo, uma revista literária com autênticos literatos. Até a mídia escrita, se exclusivamente escrita, já parece inviável. Não é exagero dizer que, hoje, escrever é ou um ato de gratidão, ou um ato de fé.
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Alguma experiência na literatura escancara…
Alguma experiência na literatura escancara a desagradável verdade de que os períodos mais produtivos, as inspirações mais fecundas se dão sempre e exatamente nos períodos de maior tensão interior. Faz-se a melhor arte quando a mente se encontra agitadíssima, muitas vezes à beira do colapso. Os temas surgem, as palavras aparecem e, sobretudo, não se suporta a imperiosa necessidade de escrever.
Se é verdade que a profissão…
Se é verdade que a profissão, ou melhor, o ganha-pão exerce inevitável influência nos temas os quais se inclinam os escritores a abordar nas suas obras, há, certamente, profissões e profissões. O direito, em maior ou menor medida, inclina à percepção de burocracias e injustiças intermináveis. O jornalismo, à perfídia. Nestes dois exemplos, é difícil que a temática não conduza, também, a um determinado tom. Portanto, apesar de ambas as áreas de atuação aparentarem possuir um elo íntimo com as letras, cai-se facilmente em lugares-comuns quando nelas se busca a matéria-prima para a obra. Por outro lado, profissões aparentemente menos ligadas às letras, como a medicina, especialmente a medicina de consultório, fornecem um arsenal de experiências humanas variadíssimo e muito difícil de classificar. Neste caso, não parece a extração do material vir acompanhada da sugestão de temática, nem do tom.
Como é difícil a criação da obra positiva!
Ah, como é difícil a criação da obra positiva! O mais fácil, sempre, é deixar-se levar pelo caminho apontado pelas impressões negativas… e, pior, no trilhar desta via contrária, desta via do maior esforço, muitas vezes parece faltar o estro, falhar o raciocínio e o resultado sai como chocho, insatisfatório. Só com muita paciência e muita vontade supera-se essa infeliz inclinação…