Se, às vezes, o atributo competitivo…

Se, às vezes, o atributo competitivo em adultos revela uma personalidade um tanto imatura, é inegável que todo adulto necessita ter como bagagem a experiência da competição. Daí o principal valor educativo dos esportes, que, se bem que possam entregar outros benefícios pela prática contínua, ensinam o mais valioso nesta primeira assimilação. Sem tal experiência, o sujeito entra na vida adulta completamente despreparado, e muitos dos problemas psicológicos que terá de enfrentar seriam de antemão eliminados caso tivesse vivenciado o que é competir, falhar e vencer.

O desejo de libertação de um meio opressivo…

O desejo de libertação de um meio opressivo é frequentemente gerador de uma força tremenda e decisiva. Através dele a personalidade alcança um nível de solidez incomum, sentindo-se como incorruptível quando a opressão atenua, ou quando se aprende a superá-la com menor fricção. Então se pode vislumbrar alternativas. Às vezes, é possível criar um novo meio, ou ao menos esforçar-se por fazê-lo, algo cujos efeitos podem reconfortar. Quando não é possível, também não faz mal: a opressão, quando não demasiadamente sentida, acaba por fortalecer.

É difícil imaginar um estado prolongado…

É difícil imaginar um estado prolongado em que a personalidade não seja perturbada por elementos conflitantes. Tais perturbações, de ativação externa ou interior, não podem ser totalmente vencidas. O que elas podem, decerto, é ser toleradas, analisadas, absorvidas. E a personalidade faz-se com quanto perdura após o confronto com elas. Meditando-se um pouco, às vezes causa indignação notar que muitas vezes o choque é gratuito e prejudicial. Mas aí se percebe que a personalidade é um esforço, e vê-se o mérito em persistir em sua depuração.

É muito difícil acostumar a mente…

É muito difícil acostumar a mente ao preceito estoico de não se preocupar com as condições sobre as quais nada se pode fazer, porque são estas frequentemente as mais torturantes e as que mais se gostaria de superar. Contudo, nota-se que a tensão resultante é quase sempre decorrente do contraste entre a realidade e uma situação desejada, sendo esta obra do desejo, e este filho do amor-próprio. Assim, percebe-se claramente que destruir o amor-próprio é derrubar toda esta cadeia aflitiva, mas quão difícil é fazê-lo sem descambar na inércia improdutiva! Vai muito até que a mente se acostume a agir sem expectativas, e quando se alcança esse estado beatífico, nota-se que ele é também instável, e exige muito esforço para que se faça perdurar.