Observando repetidas vezes este fenômeno…

Observando repetidas vezes este fenômeno de assunção, ou de cristalização da personalidade, nota-se alguns casos muito curiosos em que ele se dá fora do tempo habitual, já na maturidade, por vezes à beira da velhice. Por algum motivo, se não por um efeito traumático, parece que as máscaras subitamente se caem, subitamente passam a ser desnecessárias, e o efeito é assaz curioso porque uma brusca mudança comportamental se dá num adulto já feito, já reconhecido como tal. E então, feito santo ou monstro, parece ser esta versão a única verdadeira; é certamente a definitiva.

O patriotismo e o antipatriotismo

Se algo está certo é que o patriotismo e o antipatriotismo ultrapassam o terreno da racionalidade e fundam-se, sobretudo, no temperamento, o qual é moldado mormente pela experiência. Em resumo, o patriota é alguém cujo senso de pertencimento se manifesta; já o antipatriota é alguém que se sente deslocado. São posturas psicológicas distintas, fundamentadas em sensações distintas, e que não passam disso: posturas psicológicas provenientes de sensações.

Um sólido conhecimento do homem

O maior valor da psicologia, e mesmo da filosofia, consiste em fornecer um sólido conhecimento do homem para que o indivíduo que as estuda possa empregar-se com segurança na condução da própria vida ou, noutras palavras, para que possa empregar-se com segurança no direcionamento consciente da própria vontade. O estudo do homem é válido enquanto permite o estudante entender-se, descobrir-se e, finalmente, ser o que quer. Conectando-se com a própria vontade, chega o momento em que o estudo limita-se a fornecer motivos para a sua reafirmação.

Não parece possível que o tal processo…

Não parece possível que o tal processo de individuação se dê sem que seja precedido de uma crise, de um desconforto em relação ao meio o qual, a muitos, estimula um sentimento de identificação. Para perceber-se, o indivíduo tem de diferenciar-se, e tal diferenciação parece se evidenciar o mais das vezes no conflito, que conduz a uma angústia interior desejosa de afirmação. Se tal processo, como é consenso, impulsiona a expansão da consciência, estimulá-lo parece mais sensato que reprimi-lo, e reprimi-lo não parece senão coibir uma etapa fundamental no desenvolvimento do ser.