A função positiva dos sonhos geralmente não passa de um estímulo à imaginação. Pode-se sonhar muito sem nada fazer; pode-se até viver em sonhos, deleitando-se e sentindo verdadeiramente ao sonhar. Há, porém, no tipo mais comum de sonho consciente, algo que, se não é exatamente lúdico, é com certeza livre do peso de uma ação real. Tudo isso muda quando o sonho toma forma de desígnio, de propósito, o que normalmente ocorre quando se abre mão de algo por ele. Aqui, o sonho densifica, o sonho já influi na vida e, em certa medida, começa a se concretizar. É verdade, é verdade: muitas vezes, permanece irrealizável, ou ao menos não se concretiza. Isso talvez não importe; a seriedade que ganha é suficiente para diferenciá-lo dos sonhos corriqueiros e, sobretudo, para decidir.
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A mente possui mesmo esta tendência…
A mente possui mesmo esta tendência de irritar-se com pequenos e grandes distúrbios, prolongando indefinidamente a irritação, muitas vezes planejando alguma ação reativa, imaginando seus desdobramentos e enfrentando-os no plano imaginário. O que não costuma lhe ocorrer é que, esquecida, a irritação cessa. Mas se quiser mesmo vencê-la, se quiser mesmo transformá-la em algo positivo e edificante, basta que esmague as argumentações infindáveis do raciocínio instintivo manifestando, em ato concreto, benevolência perante o irritável. Como por mágica, a paz mental desponta e a irritação transforma-se num sentimento bom.
Observando repetidas vezes este fenômeno…
Observando repetidas vezes este fenômeno de assunção, ou de cristalização da personalidade, nota-se alguns casos muito curiosos em que ele se dá fora do tempo habitual, já na maturidade, às vezes à beira da velhice. Por algum motivo, se não por um efeito traumático, parece que as máscaras subitamente se caem, subitamente passam a ser desnecessárias, e o efeito é assaz curioso porque uma brusca mudança comportamental se dá num adulto já feito, já reconhecido como tal. E então, feito santo ou monstro, parece ser esta versão a única verdadeira; é certamente a definitiva.
O patriotismo e o antipatriotismo
Se algo está certo é que o patriotismo e o antipatriotismo ultrapassam o terreno da racionalidade e fundam-se, sobretudo, no temperamento, o qual é moldado mormente pela experiência. Em resumo, o patriota é alguém cujo senso de pertencimento se manifesta; já o antipatriota é alguém que se sente deslocado. São posturas psicológicas distintas, fundamentadas em sensações distintas, e que não passam disso: posturas psicológicas provenientes de sensações.